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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Troca de Olhar

TROCA DE OLHAR
Texto de Gustavo - centro de acollhida ABECAL

Um “três-oitão” treme.
À frente, um pai de família, “marmita”. Atrás, um subproduto da sociedade de consumo, enjeitado pela mãe e pela pátria
Um, cansado, estressado por mais um dia no escritório, voltando para sua família. Outro, magro de fome e de “pedra”, recém-saído do Carandiru, cansado de viver, buscando mais um pega e talvez uma coxinha e um daqueles ovos coloridos de boteco.
O vidro do Subaru serve como fronteira entre dois Universos totalmente diferentes, duas realidades distintas que correm paralelas e só se cruzam em assaltos ou nos “Criança Esperança” da vida.
O ex-detento bateu com o cano do revólver no vidro. No instante de um segundo antes do anúncio do assalto, os olhares se encontraram.
E houve a comunicação, a comunicação da dor.
Um, com os abusos físicos, mentais e espirituais dar parte de uma família totalmente desestruturada: da polícia: dos colegas da escola pública, que freqüentara até “desandar” na “pedra”; do preconceito social e da propaganda do “Compre-Compre, Tenha-Tenha”.
O outro, com os abusos físicos, mentais e espirituais da parte de uma família centrada no material e nas aparências, dominada por um pai extremamente rigoroso, com o firme propósito de que seu pimpolho fosse um industrial tão eficiente quanto ele o era; da competição doentia nas escolas e faculdades por “status”.
Tinham rótulos diferentes, mas conteúdo semelhante. Dor e Solidão.
Solidão na empresa, solidão no Carandiru; solidão no clube de campo, solidão no jogo do “Curingão”. Solitários na exclusão, seja por falta de grana, ou por excesso dela.
Houve a comunicação. O ex-detento começou a abaixar a arma, quando, do outro lado da rua, um pneu estourou.O estampido do estouro trouxe o instinto e o medo de volta.
Um tiro involuntário quebrou a comunicação dos olhares, o vidro do Subaru e o crânio do empresário.
Um solitário a menos no mundo, repousando sobre o volante. Outro solitário se afasta, arrastando sua solidão e a dor da falta de comunicação.

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