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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ética

ÉTICA

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.

O estudo da ética talvez tenha se iniciado com filósofos gregos há 25 séculos atrás. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se ao seu estudo. Sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros profissionais desenvolvem trabalhos no campo da ética.




DEFINIÇÃO DE ÉTICA

A ética seria então uma espécie de teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. O dicionário Abbagnado, entre outras considerações nos diz que a ética é "em geral, a ciência da conduta" (ABBAGNANO, sd, p.360) e Sanchez VASQUEZ (1995, p.12) amplia a definição afirmando que "a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma específica de comportamento humano." E reforça esta definição com a seguinte explicação:

Assim como os problemas teóricos morais não se identificam com os problemas práticos, embora estejam estritamente relacionados, também não se podem confundir a ética e a moral. A ética não cria a moral. Conquanto seja certo que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada comunidade. A ética depara com uma experiência histórico-social no terreno da moral, ou seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral, a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o princípio que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais. (ibid., p.12)

Os problemas éticos, ao contrário dos prático-morais são caracterizados pela sua generalidade. Por exemplo, se um indivíduo está diante de uma determinada situação, deverá resolvê-la por si mesmo, com a ajuda de uma norma que reconhece e aceita intimamente pois o problema do que fazer numa dada situação é um problema prático-moral e não teórico-ético. Mas, quando estamos diante de uma situação, como por exemplo, definir o conceito de Bem, já ultrapassamos os limites dos problemas morais e estamos num problema geral de caráter teórico, no campo de investigação da ética. Tanto assim, que diversas teorias éticas organizaram-se em torno da definição do que é Bem. Muitos filósofos acreditaram que, uma vez entendido o que é Bem, descobriríamos o que fazer diante das situações apresentadas pela vida. As respostas encontradas não são unânimes e as definições de Bem variam muito de um filósofo para outro. Para uns, Bem é o prazer, para outros é o útil e assim por diante.

Quando na antigüidade grega Aristóteles apresentou o problema teórico de definir o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o conteúdo do Bem e não definir o que cada indivíduo deveria fazer numa ação concreta, para que seu ato seja considerado bom ou mau.

Evidentemente, esta investigação teórica sempre deixa conseqüências práticas, pois quando definimos o Bem, estamos indicando um caminho por onde os homens poderão se conduzir nas suas diversas situações particulares.

A ética também estuda a responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se ela se refere às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há qualquer espaço para a liberdade, para a autodeterminação e, conseqüentemente, para a ética.

A ética pode também contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de comportamento moral. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar a moral efetiva, real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", imunizando-nos contra a simplória assimilação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar encobrindo interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A reflexão ética também permite a identificação de valores petrificados que já não mais satisfazem os interesses da sociedade a que servem. Jung Mo SUNG e Josué Cândido da SILVA (1995, p. 17) nos dão um bom exemplo do que estamos falando:

Na época da escravidão, por exemplo, as pessoas acreditavam que os escravos eram seres inferiores por natureza (como dizia Aristóteles) ou pela vontade divina (como diziam muitos na América colonial). Elas não se sentiam eticamente questionadas diante da injustiça cometida contra os escravos. Isso porque o termo "injustiça" já é fruto de juízo ético de alguém que percebe que a realidade não é o que deveria ser. A experiência existencial de se rebelar diante de uma situação desumana ou injusta é chamada de indignação ética [o grifo não faz parte do original].

Sendo a ética uma ciência, devemos evitar a tentação de reduzi-la ao campo exclusivamente normativo. Seu valor está naquilo que explica e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas.

A ética também não tem caráter exclusivamente descritivo pois visa investigar e explicar o comportamento moral, traço inerente da experiência humana.

Não é função da ética formular juízos de valor quanto à prática moral de outras sociedades, mas explicar a razão de ser destas diferenças e o porque de os homens terem recorrido, ao longo da história, a práticas morais diferentes e até opostas.




DOUTRINAS ÉTICAS

Para facilitar o estudo das doutrinas éticas, ou teorias acerca da moral, preferimos dividi-las nos seguintes segmentos, correlacionados historicamente: ética grega, ética cristã medieval, ética moderna e ética contemporânea.

Sendo assim, vamos partir do princípio que a história da ética teve sua origem, pelo menos sob o ponto de vista formal, na antigüidade grega, através de Aristóteles (384 - 322 a.C.) e suas idéias sobre a ética e as virtudes éticas.

Na Grécia porém, mesmo antes de Aristóteles, já é possível identificar traços de uma abordagem com base filosófica para os problemas morais e até entre os filósofos conhecidos como pré-socráticos encontramos reflexões de caráter ético, quando buscavam entender as razões do comportamento humano.

Sócrates (470-399 a.C.) considerou o problema ético individual como o problema filosófico central e a ética como sendo a disciplina em torno da qual deveriam girar todas as reflexões filosóficas. Para ele ninguém pratica voluntariamente o mal. Somente o ignorante não é virtuoso, ou seja, só age mal, quem desconhece o bem, pois todo homem quando fica sabendo o que é bem, reconhece-o racionalmente como tal e necessariamente passa a praticá-lo. Ao praticar o bem, o homem sente-se dono de si e conseqüentemente é feliz.

A virtude seria o conhecimento das causas e dos fins das ações fundadas em valores morais identificados pela inteligência e que impelem o homem a agir virtuosamente em direção ao bem.

Platão (427-347 a.C.) ao examinar a idéia do Bem a luz da sua teoria das idéias, subordinou sua ética à metafísica. Sua metafísica era a do dualismo entre o mundo sensível e o mundo das idéias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituíam a verdadeira realidade e tendo como cume a idéia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo.

Para Platão a alma - princípio que anima ou move o homem - se divide em três partes: razão, vontade (ou ânimo) e apetite (ou desejos). As virtudes são função desta alma, as quais são determinadas pela natureza da alma e pela divisão de suas partes. Na verdade ele estava propondo uma ética das virtudes, que seriam função da alma.

Pela razão, faculdade superior e característica do homem, a alma se elevaria mediante a contemplação ao mundo das idéias. Seu fim último é purificar ou libertar-se da matéria para contemplar o que realmente é e, acima de tudo, a idéia do Bem.

Para alcançar a purificação é necessário praticar as várias virtudes que cada parte da alma possui. Para Platão cada parte da alma possui um ideal ou uma virtude que devem ser desenvolvidos para seu funcionamento perfeito. A razão deve aspirar à sabedoria, a vontade deve aspirar à coragem e os desejos devem ser controlados para atingir a temperança.

Cada uma das partes da alma, com suas respectivas virtudes, estava relacionada com uma parte do corpo. A razão se manifesta na cabeça, a vontade no peito e o desejo baixo-ventre. Somente quando as três partes do homem puderem agir como um todo é que temos o indivíduo harmônico.

A harmonia entre essas virtudes constituía uma quarta virtude: a justiça.

Platão de certa forma criou uma "pedagogia" para o desenvolvimento das virtudes. Na escola as crianças primeiramente têm de aprender a controlar seus desejos desenvolvendo a temperança, depois incrementar a coragem para, por fim, atingir a sabedoria.

A ética de Platão está relacionada intimamente com sua filosofia política, porque para ele, a polis (cidade estado) é o terreno próprio para a vida moral. Assim ele buscou um estado ideal, um estado-modelo, utópico, que era constituído exatamente como o ser humano. Assim, como o corpo possui cabeça, peito e baixo-ventre, também o estado deveria possuir, respectivamente, governantes, sentinelas e trabalhadores. O bom estado é sempre dirigido pela razão.

CORPO
ALMA
VIRTUDE
ESTADO

Cabeça
Razão
Sabedoria
Governantes

Peito
Vontade
Coragem
Sentinelas

Baixo-ventre
Desejo
Temperança
Trabalhadores


É curioso notar que, no Estado de Platão, os trabalhadores ocupam o lugar mais baixo em sua hierarquia. Talvez isto tenha ligação com a visão depreciativa que os gregos antigos tinham sobre esta atividade.

A ética platônica exerceu grande influência no pensamento religioso e moral do ocidente, como teremos oportunidade de ver mais adiante.

Aristóteles (384-322 a.C.), não só organizou a ética como disciplina filosófica mas, além disso, formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os filósofos morais: relação entre as normas e os bens, entre a ética individual e a social, relações entre a vida teórica e prática, classificação das virtudes, etc. Sua concepção ética privilegia as virtudes (justiça, caridade e generosidade), tidas como propensas tanto a provocar um sentimento de realização pessoal àquele que age quanto simultaneamente beneficiar a sociedade em que vive. A ética aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo, sendo portanto uma ética conhecida como naturalista.

Segundo Aristóteles, toda a atividade humana, em qualquer campo, tende a um fim que é, por sua vez um bem: o Bem Supremo ou Sumo Bem, que seria resultado do exercício perfeito da razão, função própria do homem. Assim sendo, o homem virtuoso é aquele capaz de deliberar e escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido por uma sabedoria prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a deficiência:

A excelência moral, então, é uma disposição da alma relacionada com a escolha de ações e emoções, disposição esta consistente num meio termo (o meio termo relativo a nós) determinado pela razão (a razão graças à qual um homem dotado de discernimento o determinaria). Trata-se de um estado intermediário, porque nas várias formas de deficiência moral há falta ou excesso do que é conveniente tanto nas emoções quanto nas ações, enquanto a excelência moral encontra e prefere o meio termo. Logo, a respeito do que ela é, ou seja, a definição que expressa a sua essência, a excelência moral é um meio termo, mas com referência ao que é melhor e conforme ao bem ela é um extremo. (ARISTÓTELES, 1992, p.42)

E procede exemplificado:

Em relação ao meio termo, em alguns casos é a falta e em outros é o excesso que está mais afastado; por exemplo, não é temeridade, que é o excesso, mas a covardia, que é a falta, que é mais oposta à coragem, e não é a insensibilidade, que é uma falta, mas a concupiscência, que é um excesso, que é mais oposta à moderação. Isto ocorre por duas razões; uma delas tem origem na própria coisa, pois por estar um extremo mais próximo ao meio termo e ser mais parecido com ele opomos ao intermediário não o extremo, mas seu contrário. Por exemplo, como se considera a temeridade mais parecida com a coragem, e a covardia mais diferente, opomos esta última à coragem, pois as coisas mais afastadas do meio termo são tidas como mais contrárias a ele; a outra razão tem origem em nós mesmos, pois as coisas para as quais nos inclinamos mais naturalmente parecem mais contrárias ao meio termo. Por exemplo, tendemos mais naturalmente para os prazeres, e por isso somos levados mais facilmente para a concupiscência do que para a moderação. Chamamos portanto contrárias ao meio termo as coisas para as quais nos sentimos mais inclinados; logo, a concupiscência, que é um excesso é mais contrária à moderação. (ibid, p.46)

Daí ser difícil, segundo Aristóteles, ser bom na medida em que o meio termo não é facilmente encontrado: "Por isso a bondade tanto é rara quanto nobre e louvável".

A Ética de Aristóteles - assim como a de Platão - está unida à sua filosofia política, já que para ele a comunidade social e política é o meio necessário para o exercício da moral. Somente nela pode realizar-se o ideal da vida teórica na qual se baseia a felicidade. O homem moral só pode viver na cidade e é portanto um animal político, ou seja social. Apenas deuses e animais selvagens não tem necessidade da comunidade política para viver. O homem deve necessariamente viver em sociedade e não pode levar uma vida moral como indivíduo isolado e sim no seio de uma comunidade.

O estoicismo e o epicurismo surgem no processo de decadência e de ruína do antigo mundo greco-romano.

Para Epicuro (341-270 a.C) o prazer é um bem e como tal o objetivo de uma vida feliz. Estava lançada então a idéia de hedonismo que é uma concepção ética que assume o prazer como princípio e fundamento da vida moral. Mas, existem muitos prazeres, e nem todos são igualmente bons. É preciso escolher entre eles os mais duradouros e estáveis, para isso é necessário a posse de uma virtude sem a qual é impossível a escolha. Essa virtude é a prudência, através da qual podemos selecionar aqueles prazeres que não nos trazem a dor ou perturbações. Os melhores prazeres não são os corporais - fugazes e imediatos - mas os espirituais, porque contribuem para a paz da alma.

Para os estóicos (por exemplo, Zenão, Sêneca e Marco Aurélio) o homem é feliz quando aceita seu destino com imperturbabilidade e resignação. O universo é um todo ordenado e harmonioso onde os sucessos resultam do cumprimento da lei natural racional e perfeita. O bem supremo é viver de acordo com a natureza, aceitar a ordem universal compreendida pela razão, sem se deixar levar por paixões, afetos interiores ou pelas coisas exteriores. O homem virtuoso é aquele que enfrenta seus desejos com moderação aceitando seu destino. O estóico é um cidadão do cosmo não mais da pólis.

O Cristianismo se eleva sobre o que restou do mundo greco-romano e no século IV torna-se a religião oficial de Roma. Com o fim do "mundo antigo" o regime de servidão substitui o da escravidão e sobre estas bases se constrói a sociedade feudal, extremamente estratificada e hierarquizada. Nessa sociedade fragmentada econômica e politicamente, verdadeiro mosaico de feudos, a religião garantia uma certa unidade social.

Por este motivo a política fica dependente dela e a Igreja Católica passa a exercer, além de poder espiritual, o poder temporal e a monopolizar também a vida intelectual.

Evidentemente a ética fica sujeita a este conteúdo religioso.

Os filósofos cristãos tiveram uma dupla atitude diante da ética. Absorveram o ético no religioso, edificando um tipo de ética que hoje chamamos de teônoma, que fundamenta em Deus os princípios da moral. Deus, criador do mundo e do homem, é concebido como um ser pessoal, bom, onisciente e todo poderoso. O homem, como criatura de Deus, tem seu fim último Nele, que é o seu bem mais alto e valor supremo. Deus exige a sua obediência e a sujeição a seus mandamentos, que neste mundo têm o caráter de imperativos supremos.

Num outro sentido também aproveitaram muitas das idéias da ética grega - principalmente platônicas e estóicas - de tal modo que partes dessa ética, como a doutrina das virtudes e sua classificação inseriram-se quase na sua totalidade na ética cristã.

Evidentemente, enquanto certas normas éticas eram assimiladas, outras, por sua incompatibilidade com os ensinamentos cristãos eram rejeitados. A justificativa do suicídio, por exemplo, foi amplamente rejeitada pelos filósofos cristãos.

A ética cristã é uma ética subordinada à religião num contexto em que a filosofia é "serva" da teologia. Temos então um ética limitada por parâmetros religiosos e dogmáticos.

É uma ética que tende a regular o comportamento dos homens com vistas a um outro mundo (o reino de Deus), colocando o seu fim ou valor supremo fora do homem, na divindade.

É curioso notar que ao pretender elevar o homem de uma ordem natural para outra transcendental e sobrenatural, onde possa viver um vida plena e feliz, livre das desigualdades e injustiças do mundo terreno, ela introduz uma idéia verdadeiramente inovadora, ou seja, todos seriam iguais diante de Deus e são chamados a alcançar a perfeição e a justiça num mundo sobrenatural, o reino dos Céus.

Em sua gênese essa ética também absorve muito do que Platão e Aristóteles desenvolveram. Pode-se até dizer que seus dois maiores filósofos, Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1226-1274) refletem, respectivamente, idéias de Platão e Aristóteles.

A purificação da alma, em Platão, e sua ascensão libertadora até elevar-se ao mundo das idéias tem correspondência na elevação ascética até Deus exposta por Santo Agostinho.

A ética de Tomás de Aquino tem muitos pontos de coincidência com Aristóteles e como aquela busca através de contemplação e de conhecimento alcançar o fim último, que para ele era Deus.

A história da ética complica-se a partir do Renascimento Europeu e podemos chamar de ética moderna às diversas tendências que prevaleceram desde o século XVI até o início do século XIX.

Não é fácil sistematizar as diversas doutrinas éticas que surgiram neste período, tamanha sua diversidade, mas podemos encontrar, talvez como reação à ética cristã descêntrica e teológica uma tendência antropocêntrica.

Evidentemente essa mudança de ponto de vista não aconteceu ao acaso. Fez-se necessário um entendimento sobre as mudanças que o mundo sofreu, nas esferas econômica, política e científica para entendermos todo o processo.

A forma de organização social que sucedeu à feudal, traz em sua estrutura mudanças em todas as ordens.

A economia, por exemplo, viu crescer de forma muito intensa o relacionamento de suas forças produtivas com o desenvolvimento científico que começara a fundamentar a ciência moderna - são dessa época os trabalhos de Galileu e Newton - e desse relacionamento se desenvolvem as relações capitalistas de produção.

Essa nova forma de produção fortalece uma nova classe social - a burguesia - que luta para se impor política e economicamente. É uma época de grandes revoluções políticas (Holanda, França e Inglaterra) e no plano estatal assistimos o desaparecimento da fragmentada sociedade feudal e o fortalecimento dos grandes Estados Modernos, únicos e centralizados.

Nessa nova ordem vemos a razão se separando da fé (a filosofia separa-se da religião), as ciências naturais dos pressupostos teológicos, o Estado da Igreja e o homem de Deus.

Essa ruptura fica muito evidente quando, entre a Idade Média e a Modernidade, o italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) provoca uma revolução na ética ao romper com a moral cristã, que impõe os valores espirituais como superiores aos políticos, quando defendeu a adoção de uma moral própria em relação ao Estado. O que importa são os resultados e não a ação política em si, sendo legítimos os usos da violência contra os que se opõe aos interesses estatais.

Examinando as outras qualidades atrás enumeradas, direi que todo o príncipe deve desejar ser tido como piedoso, e não como cruel; não obstante, deve cuidar de não usar mal a piedade. Cesar Borgia era tido como cruel; entretanto, essa sua crueldade havia posto ordem na Romanha, promovido a sua união e a sua pacificação e inspirando confiança, o que, bem considerado, mostra ter sido ele muito mais piedoso do que os florentinos, os quais, para esquivarem da reputação de cruéis deixaram que Pistóia fosse destruída. Deve um príncipe, portanto, não se importar com a reputação de cruel, a fim de poder manter os seus súditos em paz e confiantes, pois que, com pouquíssimas repressões, será mais piedoso do que aqueles que, por muito clementes, permitem as desordens das quais resultem assassínios e rapinagens. Estas atingem a comunidade inteira, enquanto que os castigos impostos pelo príncipe atingem poucos. (MAQUIAVEL, sd, p.107)

Na verdade o que estamos presenciando é uma extraordinária sugestão para a aplicação de novos valores. A obra de Maquiavel influenciará, como veremos mais tarde, outros pensadores modernos como o inglês Thomas Hobbes e Baruch de Epinosa, extremamente realistas no que se refere à ética.

O homem recupera então seu valor pessoal e passa a ser visto como dotado de razão e afirma-se em todos os campos, da ciência às artes. Descartes (1596-1650) esboça com muita clareza esta tendência de basear a filosofia no homem, que passa a ser o centro de tudo, da política, da arte, e também da moral. Vemos então o aparecimento de uma ética antropocêntrica.

Como se vê, a É. dos secs XVII e XVIII manifesta um alto grau de uniformidade: não só ela é uma doutrina do móvel mas também a sua oscilação entre a "tendência a conservação" e a "tendência ao prazer" como base da moral não implica uma diferença radical, já que o próprio prazer não é senão o índice e motivo de uma situação favorável à conservação. (ABBAGNANO, sd, p.364)

Thomas Hobbes (1588-1679) consegue sistematizar esta ética do desejo, que existe em cada ser, de própria conservação como sendo o fundamento da moral e do direito. Para Hobbes, a vida do homem no estado de natureza - sem leis nem governo - era "solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta", uma vez que os homens são por índole agressivos, autocentrados, insociáveis e obcecados por um "desejo de ganho imediato".

O principal dos bens é a conservação de si mesmo. A natureza, com efeito, proveu para que todos desejem o próprio bem, mas afim de que possam ser capazes disso, é necessário que desejem a vida, a saúde e a maior segurança dessas coisas para o futuro. De todos os males porém, o primeiro é a morte, especialmente se acompanhada de sofrimento. Já que os males da vida podem ser tantos que senão se prever como próximo o seu fim, fazem contar a morte entre os bens.(De hom., XI , 6)

Para Hobbes, indivíduos que decidem viver em sociedade não são melhores ou menos egoístas do que os selvagens: são apenas mais clarividentes, percebendo que, se cooperarem, podem ser mais ricos e mais felizes. Seu bom comportamento deriva do seu egoísmo. Em outras palavras, o que leva dois homens pré-históricos a se unirem numa caçada a um tigre dente-de-sabre, é o fato de que, juntos, têm mais chances de matá-lo sem se ferirem.

Baruch de Espinosa (1632-1677) afirmava que os homens tendem naturalmente a pensar apenas em si mesmos, que em seus desejos e opiniões as pessoas são sempre conduzidas por suas paixões, as quais nunca levam em conta o futuro ou as outras pessoas. Essa tendência a conservação, à consecução de tudo que é útil é muitas vezes colocada na obra de Espinosa como sendo a própria ação necessitante da Substância Divina.

Uma vez que a Razão não pede nada que seja contra a Natureza, ela pede, por conseguinte, que cada um se ame a si mesmo, procure o que lhe é útil, mas o que lhe é útil de verdade; deseje tudo o que conduz, de fato, o homem a uma maior perfeição; e, de uma maneira geral, que cada um se esforce por conservar o seu ser, tanto quanto lhe é possível. Isto é tão necessariamente verdadeiro como o todo ser maior que a sua parte. (ESPINOSA, 1973, p.244).

Jonh Locke (1632-1704) atrela a tendência à conservação e satisfação à uma concepção de "felicidade pública". Dizia Locke:

Como Deus estabeleceu um liame indissolúvel entre a virtude e a felicidade pública, e tornou a prática da virtude necessária à conservação da sociedade humana e visivelmente vantajosa para todos os que precisam tratar com as pessoas de bem, ninguém se deve maravilhar se cada um não só aprovar essas regras, mas igualmente recomendá-las aos outros, estando persuadido de que, se as observarem, lhe advirão vantagens a ele próprio. (Ensaio, I, 2, 6)

David Hume (1711-1776) seguindo essa linha nos coloca que o fundamento da moral é a utilidade, ou seja, é boa ação aquela que proporciona "felicidade e satisfação" à sociedade. A utilidade agrada porque responde a uma necessidade ou tendência natural que inclina o homem a promover a felicidade dos seus semelhantes.

Ao invés de limitar os desejos humanos àqueles determinados apenas pelo interesse pessoal (comida, dinheiro, glória, etc), Hume percebeu que muitas das nossas paixões estão baseadas no que ele chamava de simpatia - a capacidade de sentir em si mesmo os sofrimentos e até mesmo as alegrias de outrem.

Essa visão do ser humano como criatura simpática tornava impossível traçar, à maneira de Hobbes, uma nítida linha divisória entre o interesse pessoal e o interesse alheio, uma vez que agora é possível encarar o interesse alheio como se ele fosse um interesse pessoal. Hume estava propondo uma espécie de razão emocional para o comportamento altruísta.

Para Jean Jaques Rousseau (1712-1778) o homem é bom por natureza e seu espírito pode sofrer um aprimoramento quase ilimitado.

Talvez a expressão maior da ética moderna tenha sido o filósofo alemão Immannuel Kant (1724-1804).

A preocupação maior da ética de Kant era estabelecer a regra da conduta na substância racional do homem. Ele fez do conceito de dever ponto central da moralidade. Hoje em dia chamamos a ética centrada no dever de deontologia.

Kant dizia que a única coisa que se pode afirmar que seja boa em si mesma é a "boa vontade" ou boa intenção, aquilo que se põe livremente de acordo com o dever. O conhecimento do dever seria conseqüência da percepção, pelo homem, de que é um ser racional e como tal está obrigado a obedecer o que Kant chamava de "imperativo categórico", que é a necessidade de respeitar todos os seres racionais na qualidade de "fins em si mesmo". É o reconhecimento da existência de outros homens (seres racionais) e a exigência de comportar-se diante deles a partir desse reconhecimento.

Deve-se então tratar a humanidade na própria pessoa como na do próximo sempre como um fim e nunca só como um meio.

A ética kantiana busca, sempre na razão, formas de procedimentos práticos que possam ser universalizáveis, isto é, um ato moralmente bom é aquele que pode ser universalizável, de tal modo que os princípios que eu sigo possam valer para todos.

"Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal." (KANT, 1984, p.129)

Analisando a questão da tortura, por exemplo, me questiono se tal procedimento deveria ser universalizado ou não. Se não posso querer a universalização da tortura, também não posso aceitá-la no aqui e agora.

Friedrich Hegel (1770-1831) pode ser considerado como sendo o mais importante filósofo do idealismo alemão pós-kantiano.

Para ele, a vida ética ou moral dos indivíduos, enquanto seres históricos e culturais, é determinada pelas relações sociais que mediatizam as relações pessoais intersubjetivas. Hegel dessa forma transforma a ética em uma filosofia do direito. Ele a divide em ética subjetiva (ou pessoal) e em ética objetiva (ou social). A primeira é uma consciência de dever e a segunda é formada pelos costumes, pelas leis e normas de uma sociedade. O Estado, para Hegel, reúne esses dois aspectos numa "totalidade ética".

Assim, a vontade individual subjetiva é também determinada por uma vontade objetiva, impessoal, coletiva, social e pública que cria as diversas instituições sociais. Além disso, essa vontade regula e normatiza as condutas individuais através de um conjunto de valores e costumes vigentes em uma determinada sociedade em uma determinada época.

O ideal ético estava numa vida livre dentro de um Estado livre, um Estado de Direito que preservasse os direitos dos homens e lhes cobrasse seus deveres, onde a consciência moral e as leis do direito não estivessem nem separadas e nem em contradição.

Dessa maneira, a vida ética consiste na interiorização dos valores, normas e leis de uma sociedade, condensadas na vontade objetiva cultural, por um sujeito moral que as aceita livre e espontaneamente através de sua vontade subjetiva individual. A vontade pessoal resulta da aceitação harmoniosa da vontade coletiva de uma cultura.

O alemão Karl Marx (1818-1883) também via a moral como uma espécie de "superestrutura ideológica", cumprindo uma função social que, via de regra, servia para sacramentar as relações e condições de existência de acordo com os interesses da classe dominante. Numa sociedade dividida por classes antagônicas a moral sempre terá um caráter de classe.

Até hoje existem diferentes morais de classe e inclusive numa mesma sociedade podem coexistir várias morais, já que cada classe assume uma moral particular. Assim, enquanto não se verificarem as condições reais para uma moral universal, válida para toda a sociedade, não pode existir um sistema moral válido para todos os tempos e todas as sociedades.

Para Marx, sempre que se tentou construir semelhante sistema no passado estava-se tentando imprimir um caráter universal a interesses particulares.

Se entendermos a moral proletária como sendo a moral de uma classe que está destinada historicamente a abolir a si mesma como classe para ceder lugar a uma sociedade verdadeiramente humana, serve como passagem a uma moral universalmente humana.

Os homens necessitam da moral como necessitam da produção e cada moral cumpre sua função social de acordo com a estrutura social vigente.

Torna-se necessária então uma nova moral que não seja o reflexo de relações sociais alienadas, para regular as relações entre os indivíduos, tanto em vista das transformações da velha sociedade como para garantir a harmonia da emergente sociedade socialista.

Tudo isso, a transformação da antiga moral e a construção da nova, exigem a participação consciente dos homens. A nova moral, com suas novas virtudes transforma-se numa necessidade. O homem portanto, deve interferir sempre na transformação da sociedade.

Uma outra visão nos é apresentada no pensamento de Nietzsche (1844-1900), que é um crítico veemente e mordaz a toda moral existente, seja ela a moral socrática, a judaico-cristão ou a moral burguesa.

Necessitamos uma crítica dos valores morais, e antes de tudo deve discutir-se o valor desses valores, e por isso é de toda a necessidade conhecer as condições e os meios ambientes em que nasceram, em que se desenvolveram e deformaram (a moral como conseqüência, máscara, hipocrisia, enfermidade ou equívoco, e também a moral como causa, remédio, estimulante, freio ou veneno) conhecimento tal que nunca teve outro semelhante nem é possível que o tenha. Era um verdadeiro postulado o valor desses valores: atribui-se ao bem um valor superior ao valor do mal, ao valor do progresso, da utilidade, do desenvolvimento humano. E por que? Não poderia haver no homem "bom" um sintoma de retrocesso, um perigo, uma sedução, um veneno, um sacrifício do presente a expensas do futuro? Uma vida mais agradável, mais inofensiva, mas também mais mesquinha, mais baixa?... De tal modo que fosse culpa da moral o não ter chegado o tipo homem ao mais alto grau do poder e do esplendor? E de modo que entre todos os perigos fosse a moral o perigo por excelência?... (NIETZSCHE, 1983, p.13-14)

Para este filósofo, a vida é vontade de poder, princípio último de todos os valores; o bem é tudo que favorece a força vital do homem, é tudo o que intensifica e exalta no homem o sentimento de poder, a vontade de poder e o próprio poder. O mal é tudo que vem da fraqueza. Nietzsche anunciou o super-homem, capaz de quebrar a tábua dos valores transmutando-os a todos.

Uma outra corrente dentro da ética é o utilitarismo, segundo o qual o objetivo da moral é o de proporcionar o máximo de felicidade ao maior número de pessoas.

Para John Stuart Mill (1806-1873), representante da ética utilitarista, a felicidade reside na busca do máximo prazer e do mínimo de dor. O Bem consiste na maior felicidade e a virtude é um meio de se atingir essa felicidade, fundamento de toda filosofia moral.

O credo que aceita a Utilidade ou Princípio da Maior Felicidade como fundamento da moral, sustenta que as ações são boas na proporção com que tendem a produzir a felicidade; e más, na medida em que tendem a produzir o contrário da felicidade. Entende-se por felicidade o prazer e a ausência de dor; por infelicidade, a dor e a ausência de prazer . [...] O prazer e a isenção de dor são as únicas coisas desejáveis [...] como fins; e [...] todas as coisas desejáveis [...] o são pelo prazer inerente a elas mesmas ou como meios para a promoção do prazer e a preservação da dor. (MILL, 1960, p. 29-30)

Da idéia de bem como sendo o que traz vantagens para muitos se deduziu até mesmo uma matemática ou cálculo moral.

Estas tendências aparecem em muitas formulações éticas, principalmente numa corrente conhecida como pragmatismo.

O pragmatismo, como doutrina ética, parece estar muito ligado ao pensamento anglo-saxão, tendo se desenvolvido muito nos países de fala inglesa, particularmente nos Estados Unidos, no último quarto do século passado.

Seus principais expoentes são o filósofo e psicólogo William James (1842-1910) e o filósofo educador John Dewey.

O pragmatismo deixa de lado as questões teóricas de fundo, afastando-se dos problemas abstratos da velha metafísica e dedicando-se às questões práticas vistas sob uma ótica utilitária.

Procura identificar a verdade com o útil, como aquilo que melhor ajuda a viver e conviver. O Bom é algo que conduz a obtenção eficaz de uma finalidade, fim esse que nos conduz a um êxito.

Dessa forma os valores, princípios e normas perdem seu conteúdo objetivo e o bem passa a ser aquilo que ajuda o homem em suas atividades práticas, variando conforme cada situação.

O pragmatismo pode bem ser o reflexo do progresso científico e tecnológico alcançado pelos Estados Unidos no apogeu de sua fase capitalista onde o "espírito de empresa", o "american way of life", criaram solo fértil para a mercantilização das várias atividades humanas.

Existe um grande perigo embutido no pragmatismo, que é a redução do comportamento moral a atos que conduzam apenas ao êxito pessoal transformando-o numa variante utilitarista marcada apenas pelo egoísmo, rejeitando a existência de valores ou normas objetivas.

Uma distorção muito comum em nossa sociedade capitalista é a busca da vantagem particular, onde o bom é o que ajuda meu progresso e o meu sucesso particular.

Não podemos seguir adiante, sem comentarmos a obra do filósofo francês Henri Bergson (1859-1941). Bergson distinguiu uma moral fechada e uma moral aberta. A fechada é o conjunto do que é permitido e do que é proibido para os indivíduos de uma sociedade, tendo em vista a autoconservação da mesma. Ela é imposta aos indivíduos e tem como finalidade tornar a vida em comum possível e útil a todos. "Ela corresponde no mundo humano ao que é instinto em certas sociedades animais, isto é, tende ao fim de conservar as próprias sociedades."

Do outro lado encontramos a moral aberta, nascida de um impulso criador supra-racional. É a moral do amor, da liberdade e da humanidade universal, que resulta de uma emoção criadora. Enquanto tal, torna possível a criação de novos valores e de novas condutas em substituição àquelas vigentes segundo a moral fechada.

É a moral dos profetas, dos inovadores, dos místicos, dos sábios e dos santos. Graças sempre a eles, foi, e é possível, a instauração de uma nova ética em face da moral vigente.

Na filosofia contemporânea, os princípios do liberalismo influenciaram bastante o conceito de ética, que ganha fortes traços de moral utilitarista. Os indivíduos devem buscar a felicidade e, para isso, fazer as melhores escolhas entre as alternativas existentes. Para o filósofo inglês Bertrand Russel (1872-1970) a ética é subjetiva. Não contém afirmações verdadeiras ou falsas. É a expressão dos desejos de um grupo. Mas Russel diz que o homem deve reprimir certos desejos e reforçar outros, se pretende atingir a felicidade ou o equilíbrio.

Para finalizar esse capítulo, consideramos ser de grande importância uma análise dos trabalhos de Habermas e John Rawls.

Jurgem Habermas, filósofo alemão nascido em 1924, é professor da Universidade de Frankfurt.

Sua obra pretende ser uma revisão e uma atualização do marxismo, capaz de dar conta das características do capitalismo avançado da sociedade industrial contemporânea. Faz uma critica à racionalidade dessa sociedade, caracterizando-a em termos de uma "razão instrumental", que visa apenas estabelecer os meios para se alcançar um fim determinado. Segundo sua análise, o desenvolvimento técnico e a ciência voltada apenas para a aplicação técnica acarretam na perda do próprio bem, que estaria submetido às regras de dominação técnica do mundo natural.

É necessário então a recuperação da dimensão humana, de uma racionalidade não-instrumental, baseada no "agir comunicativo" entre sujeitos livres, de caráter emancipador em relação à dominação técnica.

Habermas percebeu a distorção dessa possibilidade de ação comunicativa, que produziu relações assimétricas e impediu uma interação plena entre as pessoas.

A proposta de Habermas formula-se em termos de uma "teoria da ação comunicativa", recorrendo inclusive à filosofia analítica da linguagem para tematizar essas condições do uso da linguagem livre de distorção como fundando uma nova racionalidade.

Habermas busca uma teoria geral da verdade, segundo a qual o critério da verdade é o consenso dos que argumentam e defende a idéia de que argumentar é uma tarefa eminentemente comunicativa. Por isso, o "discurso intersubjetivo" é o lugar próprio para a argumentação.

Somente se poderia aceitar como critério de verdade aquele consenso que se estabelece sob condições ideais, que Habermas chama de "situação ideal de fala". Ou seja, a razão é definida pragmaticamente de tal modo que um consenso é racional quando é estabelecido numa condição ideal de fala. Para que isso seja possível, definiu uma série de regras básicas, cuja observação é condição para que se possa falar de um discurso verdadeiro.

Essas regras são, em primeiro lugar, que todos os participantes tenham as mesmas chances de participar do diálogo, em segundo, que devem ter chances iguais para a crítica. São formas de, quando uma argumentação tem lugar entre várias pessoas, a eliminação dos fatores de poder que poderiam perturbar a argumentação.

Uma terceira condição seria que todos os falantes deveriam ter chances iguais para expressar suas atitudes, sentimentos e intenções.

A quarta e decisiva condição afirma que serão apenas admitidos ao discurso falantes que tenham as mesmas chances enquanto agentes para dar ordens e se opor, permitir e proibir, etc.

Um diálogo sobre questões morais entre senhores e escravos, patrões e empregados, pai e filho, violaria, portanto as condições da situação ideal da fala.

Lembramos que o "discurso autêntico" é aquele que ocorre com pessoas em situação igual, sob condições igualitárias do ponto de vista de participação no discurso.

Habermas ainda defende o projeto iniciado pelo Iluminismo como algo ainda a ser desenvolvido e significativo para nossa época, desde que a razão seja entendida criticamente, no sentido do agir comunicativo.

John Rawls, em sua "Teoria da Justiça" (1971) afirma que a justiça não é um resultado de interesses, por públicos que sejam. Ele fala de uma justiça distributiva partindo de um "estado inicial" por meio do qual se pode assegurar que os acordos básicos a que se chega num contrato social sejam justos e eqüitativos.

A justiça é entendida como eqüidade por ser eqüitativa em relação a uma posição original que está baseada em dois princípios: a) cumpre assegurar para cada pessoa numa sociedade, direitos iguais numa liberdade compatível com a liberdade dos outros; b) deve haver uma distribuição de bens econômicos e sociais de modo que toda desigualdade resulte vantajosa para cada um, podendo além disso ter cada um acesso, sem obstáculos, a qualquer posição ou cargo.

A concepção geral de sua teoria afirma que, todos os bens sociais primários - liberdade e oportunidade, rendimentos e riquezas, e as bases de respeito a si mesmo devem ser igualmente distribuídas, a menos que uma distribuição desigual desses bens seja vantajosa para os menos favorecidos.

Programa Equilíbrio

http://www.programaequilibrio.org.br/


DECRETO Nº 48.141, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2007




Institui o Programa Equilíbrio.

GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,

CONSIDERANDO a necessidade de se propiciar a crianças e adolescentes em situação de risco um melhor atendimento, inclusive na área da saúde, bem como de favorecer o processo de sua reintegração familiar e social, garantindo-se, dessa forma, o cumprimento dos princípios estabelecidos no artigo 92 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA;

CONSIDERANDO que, para o alcance desse objetivo, é indispensável a elaboração do diagnóstico psíquico-social deste público-alvo;

CONSIDERANDO, por fim, incumbir ao Poder Público dar suporte técnico aos trabalhos já desenvolvidos nesse campo, mediante a qualificação das equipes que atuam em projetos socioeducativos e a celebração de parcerias com a comunidade,

D E C R E T A:

Art. 1º. Fica instituído o Programa Equilíbrio, a ser desenvolvido conjuntamente pelas Secretarias Municipais da Saúde, de Assistência e Desenvolvimento Social e de Coordenação das Subprefeituras e pela Subprefeitura da Sé, com o objetivo de promover o atendimento e o acompanhamento integral de crianças e adolescentes que se encontrem sob vulnerabilidade e risco social, em situação de rua ou em abrigos e Centros de Referência da Criança e do Adolescente - CRECAs, em área abrangida pela Subprefeitura da Sé.

§ 1º. O Programa ora instituído efetivar-se-á por meio de ações psicossociais direcionadas à reconstrução dos vínculos familiares e comunitários, com o envolvimento da família no processo, visando a recuperação de seu papel de proteção dos filhos.

§ 2º. O Programa poderá ser implantado, progressivamente, nas demais Subprefeituras, mediante a correspondente liberação de recursos financeiros, humanos e materiais.

Art. 2º. O Programa ora criado visa:

I - o aumento do número de reintegrações familiares de crianças e adolescentes, com a sua reinserção social e comunitária;

II - a diminuição do índice de retorno, das crianças e adolescentes que já estiverem em convívio com suas famílias, aos abrigos ou CRECA;

III - a redução do tempo de abrigamento;

IV - a formulação de metodologia de trabalho específica e de indicadores sobre o atendimento de crianças e adolescentes abrigados e de suas famílias;

V - a capacitação continuada das entidades que desenvolvem programas de abrigo para melhor atendimento individual e familiar, assim como a qualificação da ação cotidiana desenvolvida pelos Agentes de Proteção Social da CAPE, mediante o compartilhamento dos casos pelos profissionais especializados que atuam no Programa.

Art. 3º. A coordenação do Programa ficará a cargo da Secretaria Municipal da Saúde, que adotará todas as providências necessárias para o seu desenvolvimento e acompanhamento, podendo, para tanto, editar os atos que se fizerem necessários, nos limites de sua competência.

Parágrafo único. As Secretarias Municipais de Assistência e Desenvolvimento Social e de Coordenação das Subprefeituras e a Subprefeitura da Sé designarão um coordenador, o qual garantirá a integração do Programa Equilíbrio com os programas já desenvolvidos em cada área de atuação.

Art. 4º. O Programa Equilíbrio será executado por equipe multidisciplinar especializada no atendimento e acompanhamento de crianças e adolescentes, cuja atuação, em consonância com o Programa São Paulo Protege, dar-se-á em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e compreenderá desde a abordagem da criança e adolescente na rua até a sua reinserção sócio-familiar.

Parágrafo único. A equipe multidisciplinar será também capacitada para supervisionar a implantação e o trabalho já realizado em abrigos e em CRECAs, bem como a abordagem feita pelos Agentes de Proteção Social da Central Permanente de Atendimentos de Emergência - CAPE.

Art. 5º. Compete à Secretaria Municipal da Saúde:

I - prover os recursos humanos necessários para a formação da equipe multidisciplinar a que se refere o artigo 4º deste decreto;

II - definir as normas do Programa, de acordo com as diretrizes de atendimento às crianças e adolescentes, bem como monitorá-lo;

III - promover a integração do Programa com o atendimento oferecido pelo Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Infantil e pelas Unidades Básicas de Saúde - UBSs e unidades hospitalares.

Art. 6º. À Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social incumbe:

I - fornecer os recursos materiais necessários para o trabalho da equipe multidisciplinar de que trata o artigo 4º deste decreto;

II - disponibilizar Agentes de Proteção Social para o acompanhamento longitudinal do processo de reintegração sócio-familiar das crianças e adolescentes, cabendo a esses agentes articular os serviços municipais envolvidos no processo, bem como para o acompanhamento das crianças e adolescentes em eventuais atendimentos emergenciais;

III - o monitoramento das atividades previstas no Programa e desenvolvidas nos abrigos e CRECAs;

IV - promover a integração do Programa com as ações municipais de assistência e desenvolvimento social, tais como as implementadas pelo Projeto Quixote e outros projetos que proporcionem um primeiro contato com crianças e adolescentes em situação de rua.

Art. 7º. À Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras compete:

I - proporcionar mecanismos de interação com as equipes das Secretarias Municipais de Esportes, Lazer e Recreação, de Cultura e de Educação, que poderão desenvolver atividades no Centro Educacional e Esportivo Raul Tabajara - CERT, com vistas a uma atuação sinérgica entre os órgãos envolvidos;

II - promover o estabelecimento de parcerias com a:

a) Secretaria Especial para Participação e Parceria, visando a inclusão das crianças e adolescentes atendidos pelo Programa ora instituído em outros programas e projetos desenvolvidos pela referida Secretaria e, também, disponibilizar profissionais que possam auxiliar na realização de oficinas a serem realizadas no CERT, de acordo com as diretrizes de trabalho definidas para o Programa Equilíbrio;

b) Secretaria Municipal do Trabalho, objetivando o desenvolvimento de programas específicos que priorizem a colocação de adolescentes com idade entre 14 (quatorze) e 16 (dezesseis) anos incompletos no Programa Jovem Aprendiz e com idade superior a 16 (dezesseis) anos em programas de primeiro emprego.

Art. 8º. À Subprefeitura da Sé compete:

I - disponibilizar o Centro Educacional e Esportivo Raul Tabajara - CERT, devidamente restaurado e adaptado, equipado com instalações e mobiliário necessários à realização de avaliações individuais, trabalhos em grupo, atividades de prevenção e promoção de saúde, esportivas e físicas, de artes, teatro e música;

II - fornecer os materiais necessários para o desenvolvimento de uma horta no local, repondo-os quando utilizados;

III - garantir a manutenção do CERT, inclusive quanto ao fornecimento de água, luz, serviços de higiene e segurança adequados para o local e a equipe responsável pelo Programa;

IV - articular, por meio da Supervisão de Assistência Social, da Coordenadoria de Ação Social e Desenvolvimento, a rede conveniada de serviços sócio-assistenciais com o fim de potencializar os objetivos do Programa, permitindo-lhe maior abrangência e efetividade.

Art. 9º. Para a concretização e aprimoramento do Programa Equilíbrio, os órgãos envolvidos poderão firmar convênios ou outras modalidades de parcerias, observada a legislação vigente.

Art. 10. As despesas com a execução deste decreto correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.

Art. 11. Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 14 de fevereiro de 2007, 454º da fundação de São Paulo.

GILBERTO KASSAB, PREFEITO

Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 14 de fevereiro de 2007.

CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal

Criança



www.criancanaoederua.org.br - visitem o site!



Cantor e compositor cearense adere a Campanha Nacional e compõe a canção tema

Cantor, compositor, declamador e repentista, Tião Simpatia é um expoente da música e do repente. Sensibilizado com a situação das crianças que moram nas ruas das grandes cidades brasileiras, o poeta compôs a canção “Criança não é de rua”; e ofereceu à Campanha Nacional homônima, cedendo os direitos autorais e firmando seu engajamento nesta luta pelos direitos fundamentais das crianças em Situação de Moradia nas Ruas do Brasil.

CRIANÇA NÃO É DE RUA
(Tião Simpatia)


Criança não é de rua
Criança é pra ser cuidada
Criança é pra ter amigos
É pra ter família, é pra ser amada
Criança é pra ter escola
Não é pra pedir esmola
Dormindo em papelões
Morando nas ruas
Cheirando cola
Você que já foi criança
Faça uma reflexão
Criança não é de rua
Não é lixo não

Criança é amor profundo
É a luz do mundo
O futuro universal
Criança é a flor da vida
A coisa mais linda
É um ser especial

Criança é pra ter um teto
Não é pra ser objeto
Criança tem seus direitos
Merece o respeito da sociedade
Amigos chegou a hora
Façamos uma nova história
Brasil ó pátria mãe
Cuida dos teus filhos com dignidade


-----------------------------------------------------------------------------------
TIÃO SIMPATIA

Tião também é autor da música "Maria da Penha", tema da Lei 11.340 mais conhecida como “Lei Maria da Penha” que coíbe a violência doméstica e familiar.

Para entrar em contato com Tião Simpatia:
E-mail: tiaosimpatia@hotmail.com

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Conheça a história de Carlinhos - 'O Mendigo'



Carlos Alberto da Silva (São Paulo, 23 de janeiro de 1981-) é um humorista brasileiro que trabalhava no programa humorístico de TV e rádio Pânico. Namorou por cerca de dois anos com Sabrina Sato, após a entrada da bailarina e ex-BBB no programa.


Após deixar o Pânico, foi para a Record, onde, atualmente, participa do reality show "A Fazenda".


Mendigo, poderia ter tido o mesmo destino de seu personagem. “Quase fui mendiguinho”, diz. Cansado de apanhar dos pais, ele saiu de casa com 4 anos de idade, ao lado dos três irmãos – de quem não tem notícias. Morou na rua por um ano, até que aceitou ser recolhido pela Febem, de onde foi para o educandário Dom Duarte. Aos 14, ganhou a chance de trabalhar como office-boy na Jovem Pan.


Dona Margot, mãe de Tutinha, dono da Jovem Pan, fazia trabalho de caridade, recolhendo a cada semestre dois jovens em abrigos e orfanatos, para estagiar na rádio. Numa dessas investidas que Carlos Alberto entrou na Jovem Pan (não por acaso é chamado de Mendigo). Passava o horário de almoço no estúdio da rádio e começou a fazer imitações, até ser contratado.


PERSONAGENS



Mendigo
Principal personagem tanto no programa da rádio como no da TV. No Pânico na TV atingiu o ápice com o quadro "Vô, num vô" fazendo dupla com Mano Quetinho (Vinícius Vieira) no qual visitam praias para avaliar as mulheres, colando no corpo delas o adesivo "Vô" naquelas que consideravam bonitas e "Num Vô" naquelas que consideravam feias. E "camarão" naquelas que acham somente o corpo atraente.



Merchan Neves
Merchan Neves é uma imitação do apresentador e narrador Milton Neves. Ficou com o nome Merchan por sua fama de fazer muitas propagandas em seus inúmeros programas. Juntamente com os anões que representam Robinho e Tevez, Merchan Neves deu origem a um famoso bordão do programa: "Pedala Robinho", que alcançou dimensões nacionais, chegando até a ser mencionado na novela das oito América e sendo mencionado por Galvão Bueno enquanto narrava um dos jogos da seleção brasileira de futebol.



Presidente Lula
Carlos usa a imagem de Lula, devidamente travestido, para fazer piadas e chacotas ao governo, desde o mensalão até o perigo do impeachment, assunto discutido na época da criação do personagem.



Sérgio Mallandro
Carlos se vestia como o apresentador Sérgio Mallandro para apresentar a promoção do "Salci Fufu", onde ele tentava pegar casais no "flagra" (geralmente na saída de motéis) a fim de premiá-los com prêmios como liquidificadores e batedeiras se eles dissessem a senha que era "Salci Fufu".
Edição: Jefferson Xavier Fonte: TV Net

-"O Contador de Histórias" revê vida de ex-menino de rua

ESTREIA-"O Contador de Histórias" revê vida de ex-menino de rua
06/08 - 13:35 - Reuters


SÃO PAULO (Reuters) - A desastrosa política do menor no Brasil desde os anos 70 é posta em foco neste filme de Luiz Villaça ("Por Trás do Pano", "Cristina Quer Casar"), fixando-se na impressionante biografia de Roberto Carlos Ramos, uma rara história de um ex-menor de rua com final feliz. O filme entra em circuito nacional. Nascido nos anos 1970 em Belo Horizonte, Roberto era o caçula de uma família pobre com muitos filhos. Entregue à Febem (Fundação para o Bem-Estar do Menor) pela mãe, pessoa simples e ignorante que acreditava que ele teria um futuro melhor ali dentro, ele encarou o abandono e a violência, que no seu caso incluiu espancamentos, detenção em solitária e até estupro.

Analfabeto até os 13 anos, Roberto escapou deste quase sempre invencível círculo vicioso devido à intervenção de uma pedagoga francesa, Margherite Duvas (a atriz portuguesa Maria de Medeiros, de "O Xangô de Baker Street").

Graças a ela, estudou e conseguiu tornar-se, anos depois, um contador de histórias conhecido internacionalmente. Imitando a generosidade de sua protetora, ele mesmo adotou mais de 20 meninos - alguns que, como ele, já haviam sido tachados de "irrecuperáveis".

Os três garotos que interpretam o protagonista - Marco Antônio Ribeiro, Paulinho Mendes e Cleiton Santos - dividiram o troféu de melhor ator no Festival de Paulínia 2009, onde o filme também ganhou um Prêmio Especial do Júri.

Pontuada de incidentes trágicos mas também engraçados, a biografia de Ramos sofreu diversas adaptações neste roteiro, escrito por quatro profissionais - além do diretor Villaça, também José Roberto Torero, Maurício Arruda e Mariana Verissimo.

Condensa, por exemplo, num único personagem, a pedagoga Pérola (Malu Galli, da minissérie de TV "Queridos Amigos"), a figura de diversas outras educadoras que passaram pela vida do menino, no período em que entrava e saía da Febem.

Apesar disso, "O Contador de Histórias" incorpora também um elemento documental ao inserir a narração em off do próprio protagonista e em sua aparição, na sequência final.

Um traço que alivia a narrativa é materializar as fantasias do menino - que são muitas e extremamente imaginativas - com o uso de animação e de recursos como música e figurino. Isto acontece, por exemplo, numa cena de assalto a banco em que os ladrões se vestem no estilo do grupo Jackson Five, ao som da música "Sá Marina", na voz de Wilson Simonal, recuperando também o clima dos anos 70.

Eventualmente, se pode ter a sensação em alguns momentos de que o comportamento da pedagoga é um tanto ingênuo - como na sequência em que um menor perigoso (Shady's Victor) entra em sua casa. Mas é importante lembrar que, além de estrangeira, vinda portanto de outra cultura, a história se passa há cerca de 30 anos. Por conta da inoperância das políticas para o menor no Brasil, infelizmente, a violência e criminalidade neste setor têm crescido de modo trágico.

Tal como aconteceu a Ramos, o filme começou a mudar a vida também de pelo menos um de seus atores-mirins, que nele estrearam. Paulinho Mendes, que o interpreta aos 13 anos, foi convidado a um estágio de atuação de seis meses no Grupo Galpão, de Belo Horizonte.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nossas Crianças



Os pequenos da rua
Nesse pequeno que passa, roto e sujo, pela rua, caminha o futuro. É a criança filha de ninguém, o garoto sem nome além de menino de rua. Passa o dia entre as avenidas da cidade, as praças e por vezes nos amedronta, quando se aproxima. Ele não vai à escola e todas as horas observa que se esgotam os momentos da sua infância. Você atende os seus filhos, tendo para eles todos os cuidados. Esmera-se em lhes preparar um futuro, selecionando escola, currículo, professores, cursos. Acompanha, preocupado, os apontamentos dos mestres e insiste para que eles estudem, preparando-se profissionalmente para enfrentar o mercado de trabalho. Você auxilia os seus filhos na escolha da profissão, buscando orientá-los e esclarecê-los, dentro das tendências que apresentam. Você se mantém zeloso no que diz respeito à violência que seus filhos podem vir a sofrer, providenciando transporte seguro, acompanhantes, orientações. São seus filhos. Seus tesouros. Enquanto seus filhos crescem em intelecto e moralidade, aqueloutros, os meninos de rua prosseguem na aprendizagem das ruas, maltratados e carentes. À semelhança dos seus filhos, eles crescerão, compondo a sociedade do amanhã. A menos que pereçam antes, vítimas da fome, das doenças e do descaso. Cruzarão seus dias com o de seus rebentos e, por não terem recebido o verniz da educação, as lições da moral e o tesouro do ensino, poderão ser seus agressores, procurando tirar pela força o que acreditam ser seu por direito. Você se esmera na educação dos seus e acredita ser o suficiente para melhorar o panorama do mundo. No entanto, não basta. É imprescindível que nos preocupemos com esses outros meninos, rotos e mal cheirosos que enchem as ruas de tristeza. Com essas crianças que têm apagada, em pleno vigor, sua infância, abafada por trabalhos exaustivos, além de suas forças. Crianças com chupeta na boca utilizando martelos para quebrar pedras, acocorados por horas, em incômoda posição. Crianças que deveriam estar nos bancos da escola, nos parques de diversão e que se encontram obrigados a rudes tarefas, por horas sem fim que se somam e eternizam em dias. Poderiam ser os nossos filhos a lhes tomar o lugar, se a morte nos tivesse arrebatado a vida física e não houvesse quem os abrigasse. Filhos de Deus, aguardam de nós amparo e proteção. Poderão se tornar homens de bem, tanto quanto desejamos que os nossos filhos se tornem. Poderão ser homens e mulheres produtivos e dignos, ofertando à sociedade o que de melhor possuem, se receberem orientação. Por hora são simplesmente crianças. Amanhã, serão os homens bons ou maus, educados ou agressivos, destruidores ou mensageiros da paz, da harmonia, do bem. Você sabia? Que é dever de todos nós amparar o coração infantil, em todas as direções? E que orientar a infância, colaborando na recuperação de crianças desajustadas, é medida salutar para a edificação do futuro melhor? Sem boa semente, não há boa colheita. Enfim: educar os pequeninos é sublimar a humanidade.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Os olhos falam...




Ao Sr.Manoel Ramos



Esse olhar perdido



que me falava de solidão e dor se fecha pro mundo ...



Hoje , encontra o descanso.

OS OLHOS FALAM...

Olhar perdido
tristeza contida.
Frases saiam daquela boca
mas os seus olhos que as diziam,
quanta agonia e espera louca,
que tempo mais será que ele tinha?
Mas... aquele olhar me comovia
porque ele falava todo tempo,
escutava o que me dizia,
lia em seu olhar o sentimento.
Quanta tristeza naquele olhar...

Sol_angel

DOR INFINITA


Cenário de amargura.
Loucura infinita...
Vagueia nua e crua
não pensa... nada pensa...,
lamenta a solidão.
Vigia o sono, alerta, calada...
Chôro na madrugada
no morrer vê solução.
Brinda desgraça da vida ,
miséria catada da rua .
Parca gotas de etílico jogada aos seus pés.
Falso , mortal consolo...
Sol_angel

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

União

UNIÃO
Autoria de Gustavo - Centro de Acolhida ABECAL

Apenas mais uma família
Papai, Mamãe e a Filha
Unida por sagrados laços
De Deus e dos seres humanos
Que vive e faz planos
Fortalecida pelo abraço

Faz-se forte pela união
A Família-Modelo-Padrão
Indivíduos em comunhão
Mecanismo de precisão
Azeitado por religião

Os devotos de Virgem Maria
Preparam-se pra grande festa
O culto ao Deus-Dinheiro
A benção de carros e donos
Pra não sofrerem de abandono
E trafegarem em harmonia
Por longa estrada que resta
Obra de Deus-Engenheiro

O padre no alto-falante
Ora de forma vibrante
A família emocionada
Vê o padre na calçada
O porta-voz do Divino
Protegendo seu Destino
Selando-o com água benta

O ladrão e a ferramenta
De boca e ira sedenta
Aguarda-os no outro farol
A ferramenta brilha ao sol
Ponto Quarenta niquelada
É Lúcifer e sua espada

O carro, que era união
Chamou indevida atenção
Três palavras, breve oração
Três tiros, execução

Unida viveu a família
Eternamente está unida
Estirada na avenida
Um cão monta vigília

Troca de Olhar

TROCA DE OLHAR
Texto de Gustavo - centro de acollhida ABECAL

Um “três-oitão” treme.
À frente, um pai de família, “marmita”. Atrás, um subproduto da sociedade de consumo, enjeitado pela mãe e pela pátria
Um, cansado, estressado por mais um dia no escritório, voltando para sua família. Outro, magro de fome e de “pedra”, recém-saído do Carandiru, cansado de viver, buscando mais um pega e talvez uma coxinha e um daqueles ovos coloridos de boteco.
O vidro do Subaru serve como fronteira entre dois Universos totalmente diferentes, duas realidades distintas que correm paralelas e só se cruzam em assaltos ou nos “Criança Esperança” da vida.
O ex-detento bateu com o cano do revólver no vidro. No instante de um segundo antes do anúncio do assalto, os olhares se encontraram.
E houve a comunicação, a comunicação da dor.
Um, com os abusos físicos, mentais e espirituais dar parte de uma família totalmente desestruturada: da polícia: dos colegas da escola pública, que freqüentara até “desandar” na “pedra”; do preconceito social e da propaganda do “Compre-Compre, Tenha-Tenha”.
O outro, com os abusos físicos, mentais e espirituais da parte de uma família centrada no material e nas aparências, dominada por um pai extremamente rigoroso, com o firme propósito de que seu pimpolho fosse um industrial tão eficiente quanto ele o era; da competição doentia nas escolas e faculdades por “status”.
Tinham rótulos diferentes, mas conteúdo semelhante. Dor e Solidão.
Solidão na empresa, solidão no Carandiru; solidão no clube de campo, solidão no jogo do “Curingão”. Solitários na exclusão, seja por falta de grana, ou por excesso dela.
Houve a comunicação. O ex-detento começou a abaixar a arma, quando, do outro lado da rua, um pneu estourou.O estampido do estouro trouxe o instinto e o medo de volta.
Um tiro involuntário quebrou a comunicação dos olhares, o vidro do Subaru e o crânio do empresário.
Um solitário a menos no mundo, repousando sobre o volante. Outro solitário se afasta, arrastando sua solidão e a dor da falta de comunicação.

domingo, 9 de agosto de 2009

FULGOR DAS PALAVRAS

Já é noite
Passeio pelas ruas
Nelas sinto frieza, solidão...
Refletem caminhos de suspense!


Ruas sem calçadas, sem luz
Sem brilho, sem pessoas, sem olhar...
Sem encontro, sem desejos, sem perdão


Ruas sem comunhão
Ruas sem jardins, só portões...
Ruas que guardam a solidão...
Ruas de cheiro ácido
Ruas do esgoto, do desgosto...
Rua do sinal, da violencia, da morte
Ruas das valas, do temor, da dor


Ruas que não dão prazer
Caminhos violento dos humanos
Daqueles que vão e não sabem se voltam


Ruas de esperanças...
Ruas dos desesperançados
Caminhos de lutas pela sobrevivência
Vivem momentos de desesperos
Já perderam suas próprias consciências.

VALMIR FLOR ** VALFLORPAZ

Solidão de pedra

www.laurie.com.br/solidao-de-pedra/

Moradora de rua que conversa com estátua em São Paulo evidencia solidão e desprezo na cidade

Por Laura Barile

Quem passa pelo fim da Avenida Paulista, pela praça Oswaldo Cruz deve ter reparado na mais nova atração da região. A estátua “Índio Pescador”, de Francisco Leopoldo e Silva recebeu novas roupagens – camisetas, enfeites ou flores são já acessórios comuns sobre o bronze da estátua. A autora, nenhuma artista plástica ou manifestante, mas sim uma moradora de rua, que adotou a praça e o índio como trabalho e companhia.

“Essa praça é dele” afirma Maria Aparecida Pereira, ou Cida, como se apresentou. Todos os dias às 6 da manhã ela vai para a praça, toma café na padaria e au travail. “Primeiro é a prefeitura que cuida da praça, depois sou eu. Eu sou que nem um guarda, enquanto eu estou aqui ninguém mexe”, confirma. Dorme na rua, numa região próxima, porque à noite a praça é muito gelada. Quem trabalha por lá não se surpreende mais. O engraxate Fernando Rossi Irias, que trabalha na Oswaldo Cruz, conta: “Ela é uma mulher esforçada, que cada dia vem aqui cedinho, cuida da praça, varre a praça e cuida do índio. E sempre ela pega e põe roupa no índio também”. Cida confirma, sem modéstia, “No que eu trabalho eu sou divina”.

A guardiã da praça tem lembranças confusas de sua história de vida. Conta que veio da Bahia, em busca de trabalho, e que morou alguns anos no bairro da Penha, em São Paulo, mas não responde, ou não se lembra, como chegou às ruas. “Eu sou livre, não tenho marido nem filhos”, comenta, orgulhosa. Mas fica visivelmente emocionada quando começa a falar da antiga patroa, “ela tem tudo, marido, filhos, uma igreja em frente de casa…” A liberdade, em certos momentos, parece se misturar com solidão. “Minha família tá lá na Bahia, bem distante de mim”, ela conta. Por isso ela passa as tardes na praça, cuidando do índio, vestindo-o quando está frio, e também conversando com ele. “Ele é igual a nós, quando a gente sente frio, busca um lugar quente”, explica.

Ana Paula Pereira Dunes, que trabalha numa banca de jornal próxima conta que Maria Aparecida passou alguns meses fora. “Eu tive que voltar, porque o índio ficou sozinho”, justifica Cida. “Aí o índio falou, Cidinha – ele diz Cidinha para não ter que dizer Maria Aparecida – não vai embora que sem você a praça fica errada, fica tudo seco, as pombinhas morrem, porque ninguém cuida.” Ana Paula conta também que nunca viu a moradora brigar com ninguém que tentou aproximação (dela ou do índio).

Quando questionada sobre isso, Cida responde “falo com todo mundo”, e, como que segredando algo, “as pessoas aqui são muito ricas!” O engraxate Lucas Rodrigues, que também trabalha na praça, comenta que às vezes visitantes trazem roupa e comida para ela, “mas sempre vejo ela sozinha, conversar com alguém é difícil”. Monica Figueiredo, que trabalha na Farmácia Popular, reforça: “ela trata bem quem trata bem ela”.

Daqueles que trabalham por lá, no entanto, poucos se arriscam a ter uma conversa mais longa com a moradora de rua. Fernando Irias justifica: “nós não conversamos com ela porque ela é muito ignorante, muito estúpida. Ela não deixa nem chegar perto do índio”, outros alegam falta de tempo para conversar, por estarem lá a trabalho. A psicóloga Tatiana Barile explica: “as pessoas tem medo, repulsa; não olham para as pessoas que estão na rua”, e comenta que os moradores de rua acabam usando sua aparência suja ou desarrumada como tática para espantarem as pessoas e, assim, se protegerem.

Pela falta de contato, ninguém conhece a história de Maria Aparecida, e mesmo a relação com o índio é nebulosa para muitos deles, que freqüentemente ironizam um romance entre os dois. “Todo mundo dá risada, todo mundo acha super engraçado, que ela cuida dele como se fosse gente”, conta Monica Figueiredo. Ela, no entanto, vê a senhora com bastante sensibilidade: “eu acho que ela trata, ela cuida… não é nem por colocar roupa no índio nem nada, eu acho que é uma carência, de ela não poder fazer isso com uma pessoa, e ela transfere isso para a estátua.”

O caso de Maria Aparecida revela muito além da loucura. Para a psicóloga Tatiana Barile, o caso pode evidenciar uma quebra de vínculos: “O que eu vejo das pessoas de rua é que elas vão sofrendo violências, desilusões, desafetos, e por isso elas vão perdendo as esperanças… Não conseguem lidar com essas dificuldades e acabam indo para a rua, acabam perdendo tudo. E na rua elas buscam outros vínculos, outras pessoas para se relacionar”. A história de Cida exemplifica e leva a seu extremo a solidão na cidade de São Paulo. “Essa aproximação com a estátua está falando na verdade que todo mundo precisa de afeto, de vínculo”, completa Tatiana. Cidinha comenta “Ele [o índio] para mim é um irmão, eu faço por ele o que gostaria que fizessem por mim”.

Alceu Valença - Solidão

A solidão é fera
A solidão devora
É amiga das horas
É Prima-irmã do tempo
E faz nossos relógios
Caminharem lentos
Causando um descompasso
No meu coração
A solidão dos astros
A solidão da lua
A solidão da noite
A solidão da rua

terça-feira, 4 de agosto de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009

Médicos sem fronteiras

www.msf.org.br/noticia/msfNoticiasMostrar.asp?id=390

"O morador de rua não se vê como cidadão. Como alguém que tem direitos"

Médico do projeto Meio-fio, de MSF, que oferece atendimento médico e psicossocial à população em situação de rua no Rio de Janeiro, David Oliveira fala nesta entrevista sobre as dificuldades enfrentadas por esta população no que diz respeito à saúde.

Quais as dificuldades enfrentadas pela população adulta em situação de rua no que diz respeito às questões de saúde?

Quando falamos de saúde não se trata apenas de ausência de doença. A saúde é a presença do bem estar na vida do indivíduo. É ele se sentir integrado ao meio em que vive, aceito, amado, enfim, feliz. Vou falar aqui das dificuldades relacionadas à área médica e à problemas clínicos. A primeira grande questão é que a pessoa que vive nas ruas tem um risco maior de adquirir doenças: Alimenta-se mal, está submetido a alterações climáticas, dorme mal, compartilha espaços aglomerados e vive sob intenso nível de stress, com medo de ser roubada ou agredida. Outra dificuldade é a da percepção do individuo em relação ao que sente. A pessoa que tem problemas de saúde muitas vezes não prioriza tratar-se, por viver numa lógica de sobrevivência. Quando não se sabe o que se vai comer ou onde se vai dormir a noite, tosse, febre e mesmo dor, ficam em segundo plano.

Como você trabalha para estimular uma maior percepção nessa população em situação de rua?

A primeira coisa necessária é o olhar diferenciado para a população em situação de rua. Porque não podemos nos contentar apenas com as respostas que escutamos. A rua tem uma semiologia particular. Há casos de pacientes que quando perguntados se têm algum problema de saúde, respondem não. E aí, num segundo contato você observa que ele tem uma tosse crônica, uma hérnia, sinais e sintomas que não relatou porque nem percebia mais como anormais. Nós vamos tentando resgatar essa percepção aos poucos, para que a pessoa comece a entender que vive com um problema com o qual não precisaria viver e que tem a possibilidade de recorrer ao serviço de saúde.

E aí esbarra-se em outro problema que é a questão do acesso? Essa população de fato tem dificuldades de acessar os serviços públicos oferecidos?

Esse é um problema grave. Embora o acesso aos serviços públicos de saúde seja muitas vezes difícil para qualquer cidadão, no caso da população em situação de rua, há agravantes. Para se conseguir atendimento é preciso chegar muito cedo ao posto e esperar varias horas. O morador de rua com freqüência precisa sair para pegar o almoço, senão, so vai comer de noite. E a lógica da sobrevivência. Comida primeiro, médico depois. Em segundo lugar, é comum que o morador de rua esteja com roupas sujas e/ou não tenha tomado banho, o que faz com que ele seja mal recebido na sala de espera de um posto de saúde ou mesmo de um hospital. Muitas vezes ele é discriminado e sofre preconceitos de usuários e/ou funcionários dos serviços de saúde. A falta de documentação também apresenta-se como problema freqüente para o acesso do morador de Rua aos serviços públicos. O resultado final de tantas dificuldades é a busca por ajuda apenas em último caso. Assim, muitas questões de saúde tornam-se crônicas e por isso mais difíceis de resolver.

E como o projeto Meio-fio tem contribuído para facilitar esse acesso à saúde?

O projeto Meio-fio age em três frentes basicamente. Trabalhamos com instituições que lidam com população de rua, tentando sensibilizá-las e compartilhando informações sobre o trabalho com essa população. Trabalhamos nas ruas, ouvindo as demandas dos moradores e encaminhando-os para serviços com os quais tenhamos feito contato anterior. Não só instituições de saúde, mas também outras onde ele possa tirar documentos, tomar banho, cortar o cabelo, etc… Ele chega nesse local com um encaminhamento por escrito e com um resumo de sua historia . Isso facilita a abordagem do profissional que vai recebê-lo. A terceira frente é a sensibilização da sociedade, através de estratégias de comunicação, como por exemplo a exposição fotográfica que pode ser vista no site de MSF atualmente.

Você acredita que as questões da dificuldade de acesso e da percepção de saúde estão relacionadas a uma baixa auto-estima?

Com certeza. O morador de rua não se vê como cidadão. E não se vê como alguém que tem direitos. Muitas vezes eles nos agradecem muito pelo trabalho, e nós procuramos mostrar que não é favor, é um direito que eles têm. Acredito que haja uma desesperança crônica. Eles vão várias vezes num serviço, são mal atendidos, discriminados e muitas vezes acabam não retornando. Habituam-se a conviver com problemas de saúde, e os problemas acabam virando crônicos. Porque eles não têm mais esperança, não acreditam numa solução. Muitas vezes não acham nem que mereçam. E nós procuramos trabalhar isso, criando vínculo, ganhando confiança, e depois tentando mostrar a eles que há possibilidade de se cuidar e ser cuidado, buscar trabalho, uma vida diferente. Sempre respeitando o desejo de cada um. O projeto Meio-fio não deseja obrigar ninguém a mudar de vida. Deseja ser ponte, apontar caminhos possíveis, formar redes, ajudar a população de rua a resgatar sua cidadania.

Morador de rua cria site para entrar na lista de bilionários da Forbes


Morador de rua cria site para entrar na lista de bilionários da Forbes

www.fabioluizsto.blogspot.com

Isso porque Guy Ritchie, um mendigo que vive nas ruas de Nova York criou um site e quer ser o primeiro morador de rua a ser um bilionário, para entrar na lista das 500 pessoas mais ricas do mundo da revista Forbes.


Para conseguir seu intento, ele lançou o http://bumllionaire.com/bumllionaire/ e pede que os internautas doem US$ 1 por ano. Se cada usuário de Internet fizer isso, Ritchie calcula que conseguirá entrar na relação da Forbes até 2009.


Em uma de suas mais impagáveis frases (ditas em um dos vídeos), ele afirma que é um “bilionário no corpo de um mendigo”. Em outro post, ele declara que já é a “4.666.285,715º pessoa mais rica do mundo” e no final declara sua posição no ranking: "Guy Ritchie é mais rico que uma empregada doméstica na África".


fonte: techguru

sábado, 1 de agosto de 2009

MST prepara marcha em São Paulo

31/07/2009
http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=7133

Estamos nos aproximando de um momento importante de luta da classe trabalhadora, que ocorrerá no mês de agosto, a Mobilização Nacional contra a Crise. Em São Paulo, o MST inicia no dia 5/8 a Marcha Estadual de Campinas a São Paulo, chegando à capital no dia 10/8, onde o Movimento permanecerá mobilizado até o dia 14/8, assim como em outros estados do País.

A seguir, leia o manifesto que anuncia os objetivos e as principais demandas de marcha paulista:


POR QUE MARCHAMOS?

Somos trabalhadores e trabalhadoras rurais organizados no Movimento Sem Terra / Via Campesina, que lutamos pelo direito a um pedaço de terra onde possamos plantar, colher e garantir uma vida digna às nossas famílias.

Oriundos de várias partes do Estado de São Paulo, de diferentes comunidades, assentamentos e acampamentos para dialogar com a sociedade e os poderes constituídos com o objetivo de denunciar a condução das políticas em nosso país, as quais favorecem apenas os ricos que, por meio da apropriação capitalista, aumentam a cada dia mais a exploração e a miséria da classe trabalhadora. É por isso que marchamos:

Marchamos para reafirmar a necessidade da realização da Reforma Agrária como uma política de distribuição de terra, renda e riqueza para milhões de brasileiros que de forma direta ou indireta serão beneficiados. Dizem que São Paulo não tem terra para os SEM TERRA, entretanto, é um dos estados com uma das agroindústrias mais concentradoras a qual convive com os maiores índices de êxodo rural e miséria em suas pequenas e médias cidades do interior, além do terrível cenário atual nas periferias das grandes metrópoles, onde se concentram milhões de pessoas sem alternativa de vida digna. O povo brasileiro precisa recolocar a Reforma Agrária na pauta do país e dizer que somente através dela é que vamos conseguir produzir alimentos de boa qualidade, a baixo custo e empregar milhares de pessoas que foram expulsas do campo pelo Agronegócio.

Marchamos porque somos contra a concentração da propriedade da terra, das florestas, da água e dos minérios, pois, além de causar a destruição da natureza, expulsa os camponeses, os pequenos produtores, os povos indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas. Condenamos a política agrícola e ambiental dos sucessivos Governos Tucanos em São Paulo e do Governo Lula, pois só têm beneficiado o agronegócio, seus interesses econômicos e incentivado a destruição ambiental.

Marchamos para reafirmar a necessidade de unificar toda a classe trabalhadora, do campo e da cidade, para juntos consolidar um processo de emancipação pelo qual possamos ter de fato emprego decente, moradia digna, saúde e educação gratuita e de qualidade, alimentos saudáveis para todo povo brasileiro.

Marchamos para denunciar a exploração da classe trabalhadora por seus patrões e fazer com que o nosso apelo seja ouvido e que soluções sejam tomadas: a cada dia aumenta o número de pessoas desempregadas, e agora com a crise dos ricos, sobra para nós, os empobrecidos, pagarmos a conta. Precisamos nos fortalecer enquanto classe trabalhadora para garantir que se cumpram os direitos trabalhistas e previdenciários; a maioria dos empregadores sequer assina a carteira de seus funcionários. É inadmissível e indignante vivermos ainda hoje com a existência de trabalho escravo em nosso país, e assistirmos passivos os aumentos sucessivos de incentivos para aquelas agroindústrias que o promovem.

Marchamos também para repudiar a crescente criminalização da luta social e da pobreza em todo o país. Não é possível admitir que num país dito democrático, cada vez mais seja considerado crime o exercício legítimo de organização política e reivindicação de nossos direitos assegurados formalmente até pela Constituição Federal. Muito menos admitir que pessoas, sobretudo jovens e negros das periferias urbanas, sejam a cada dia mais consideradas “suspeitas” simplesmente por viver na pobreza ou na miséria material, tornando-se vítimas prioritárias das políticas de criminalização, encarceramento e execuções sumárias em massa que se tornaram uma prática comum do Estado brasileiro nos últimos anos.

Marchamos, finalmente, para refletir e debater também sobre a forma com que o meio ambiente está sendo tratado. O nosso país ainda tem o privilégio de possuir riquíssimos biomas: como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado, o Pantanal etc, porém, infelizmente a cada dia que passa, mais ameaçados estão nossas matas, florestas, rios, animais, clima e seres humanos… devido à busca desenfreada dos capitalistas pelo lucro. É preciso frear a ganância dos poderosos que, para seguir aumentando seus lucros, passam por cima de tudo e de todos. Nos dias de hoje já vivenciamos vários problemas de ordem climática que é resultado desta ganância dos ricos.

O povo não pode pagar a conta. Que os ricos paguem a conta da crise!

CRESCEMOS SOMENTE NA OUSADIA!
(Mário Benedetti)

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Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas.
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O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.

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"É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar por haver apenas compreendido".

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