ESTREIA-"O Contador de Histórias" revê vida de ex-menino de rua
06/08 - 13:35 - Reuters
SÃO PAULO (Reuters) - A desastrosa política do menor no Brasil desde os anos 70 é posta em foco neste filme de Luiz Villaça ("Por Trás do Pano", "Cristina Quer Casar"), fixando-se na impressionante biografia de Roberto Carlos Ramos, uma rara história de um ex-menor de rua com final feliz. O filme entra em circuito nacional. Nascido nos anos 1970 em Belo Horizonte, Roberto era o caçula de uma família pobre com muitos filhos. Entregue à Febem (Fundação para o Bem-Estar do Menor) pela mãe, pessoa simples e ignorante que acreditava que ele teria um futuro melhor ali dentro, ele encarou o abandono e a violência, que no seu caso incluiu espancamentos, detenção em solitária e até estupro.
Analfabeto até os 13 anos, Roberto escapou deste quase sempre invencível círculo vicioso devido à intervenção de uma pedagoga francesa, Margherite Duvas (a atriz portuguesa Maria de Medeiros, de "O Xangô de Baker Street").
Graças a ela, estudou e conseguiu tornar-se, anos depois, um contador de histórias conhecido internacionalmente. Imitando a generosidade de sua protetora, ele mesmo adotou mais de 20 meninos - alguns que, como ele, já haviam sido tachados de "irrecuperáveis".
Os três garotos que interpretam o protagonista - Marco Antônio Ribeiro, Paulinho Mendes e Cleiton Santos - dividiram o troféu de melhor ator no Festival de Paulínia 2009, onde o filme também ganhou um Prêmio Especial do Júri.
Pontuada de incidentes trágicos mas também engraçados, a biografia de Ramos sofreu diversas adaptações neste roteiro, escrito por quatro profissionais - além do diretor Villaça, também José Roberto Torero, Maurício Arruda e Mariana Verissimo.
Condensa, por exemplo, num único personagem, a pedagoga Pérola (Malu Galli, da minissérie de TV "Queridos Amigos"), a figura de diversas outras educadoras que passaram pela vida do menino, no período em que entrava e saía da Febem.
Apesar disso, "O Contador de Histórias" incorpora também um elemento documental ao inserir a narração em off do próprio protagonista e em sua aparição, na sequência final.
Um traço que alivia a narrativa é materializar as fantasias do menino - que são muitas e extremamente imaginativas - com o uso de animação e de recursos como música e figurino. Isto acontece, por exemplo, numa cena de assalto a banco em que os ladrões se vestem no estilo do grupo Jackson Five, ao som da música "Sá Marina", na voz de Wilson Simonal, recuperando também o clima dos anos 70.
Eventualmente, se pode ter a sensação em alguns momentos de que o comportamento da pedagoga é um tanto ingênuo - como na sequência em que um menor perigoso (Shady's Victor) entra em sua casa. Mas é importante lembrar que, além de estrangeira, vinda portanto de outra cultura, a história se passa há cerca de 30 anos. Por conta da inoperância das políticas para o menor no Brasil, infelizmente, a violência e criminalidade neste setor têm crescido de modo trágico.
Tal como aconteceu a Ramos, o filme começou a mudar a vida também de pelo menos um de seus atores-mirins, que nele estrearam. Paulinho Mendes, que o interpreta aos 13 anos, foi convidado a um estágio de atuação de seis meses no Grupo Galpão, de Belo Horizonte.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
calendário
Time and Date
TELELISTAS.NET
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Clima / Tempo
Caixinha de Promessas
Arquivo do blog
-
▼
2009
(73)
-
▼
agosto
(18)
- Ética
- Programa Equilíbrio
- Criança
- Conheça a história de Carlinhos - 'O Mendigo'
- -"O Contador de Histórias" revê vida de ex-menino ...
- Publicidade : Ética na Vida
- Nossas Crianças
- Os olhos falam...
- DOR INFINITA
- União
- Troca de Olhar
- FULGOR DAS PALAVRAS
- Solidão de pedra
- Alceu Valença - Solidão
- Sem título
- Médicos sem fronteiras
- Morador de rua cria site para entrar na lista de b...
- MST prepara marcha em São Paulo
-
▼
agosto
(18)
Colaboradores
Pesquisar este blog
Seguidores
Notícias

Pensamentos
Eu não acredito em caridade. Eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima para baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas. Eduardo Galeano
O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.
Martim Luther King
"É belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar por haver apenas compreendido".
Kahlil Gilbran.
A felicidade de grandes Homens consiste em levar amor e solidariedade a quem necessita.
Walyson Garrett
Nenhum comentário:
Postar um comentário